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Cartazes da Copa - A História do Futebol a partir de Tinta e Impressão

6:14 AMAndy Rodriguez


É fascinante acompanhar a evolução do design e estilos de identidades visuais, comparando as artes criadas sobre um mesmo tema ao longo do tempo. Os cartazes oficiais de todas Copas do Mundo de futebol não fogem a essa regra. 

Tradição desde a edição inaugural, em 1930, no Uruguai, os cartazes sempre foram usados como as principais peças na comunicação desses eventos e contam um pouco da história do mundo, suas diversidades culturais, tradições, manifestações artísticas, avanços tecnológicos e, claro, a história do próprio futebol. 

A ruptura na representação da bola entre as Copas 66 e 70, por exemplo, é visível no cartaz "México 1970" e acontece no momento em que a Adidas torna-se a fornecedora oficial das "redondas". Outro exemplo é a presença das pesquisas tecnológicas da corrida espacial na peça "Chile 1962". A arte rouba a cena no cartaz "Espanha 1982" com uma belíssima ilustração surrealista do artista catalão Joan Miró. Entre 1942 e 1946 o torneio é interrompido por conta da II Guerra Mundial. E por aí vai...

Trazemos aqui 83 anos de história em imagens, que começa em 1930 e chega ao cartaz oficial da Copa de 2014, o vigésimo da história.

1930 - Uruguai
O pôster oficial da primeira Copa do Mundo da Fifa é uma criação do artista Guillermo Laborde. A arte, bem vertical, traz características da Art Déco, estilo gráfico dominante na época.
O time da casa foi o campeão ao vencer Argentina na final por 4 a 2.


1934 - Itália
O cartaz destaca um jogador com a camisa azul da Itália, com a presença das bandeiras dos países participantes ao fundo. O Brasil tá ali. A tipografia em destaque é sem serifa geométrica.
A anfitriã Itália ganha o primeiro Mundial na Europa ao vencer a Tchecoslováquia de virada.


1938 - França
Nesse pôster o mundo substitui o campo de futebol e tem um jogador em posição imponente que segura a bola com o pé. A arte, dominada pela tonalidade vermelha, é do ilustrador francês Desmé, e retrata uma época tensa e bem próxima da II Guerra Mundial.
A Itália conquista o bicampeonato na França.

1950 - Brasil
Por conta da da II Guerra mundial, o campeonato foi interrompido por 12 anos. O pôster celebra a união dos países, com suas bandeiras formando a meia de um jogador. No plano de fundo o Pão de Açúcar.
A seleção canarinho perde o título para o Uruguai, no Maracanã.


1954 - Suiça
Um goleiro volta a ser destaque em um cartaz oficial da copa, mas dessa vez, assiste perplexo a bola ir para o fundo da rede. Curiosamente é o primeiro e único cartaz que mostra o momento do gol. Destaque também para as cores e um estilo quase primitivo.
Na final, a equipe alemã derrotou a Hungria, que não perdia há 31 partidas, por 3 a 2.


1958 - Suécia
A mistura de idiomas é uma novidade nesta peça, que apresenta pela última vez as bandeiras dos países participantes, frequente nos desenhos anteriores.
O Brasil conquista o primeiro título mundial com vitória de 5 a 2 sobre o tima da casa.


1962 - Chile
O cartaz chileno traz uma bola de futebol ao lado do globo e faz clara referência às pesquisas tecnológicas da corrida espacial, que anos depois levou o homem à Lua.
O Brasil vence a Tchecoslováquia por 3 a 1 e chega ao bicampeonato.


1966 - Inglaterra
Foi o primeiro cartaz a ter um mascote oficial (Willie, um simpático leãozinho) que ganhou destaque na arte. Ele veste a camisa da Inglaterra e chuta para o alto uma bola dourada. Limpo, bem diagramado, mas com pouco impacto visual. 
Mais uma edição em que o país anfitrião é consagrado campeão do mundo.


1970 - México
Este pôster provoca uma ruptura. É minimalista, pregnante, estático e geométrico. A tipografia fantasia traz a padronagem de faixas, comum nas artes mexicanas. O tom rosa desafia suavemente um esporte predominantemente masculino. A mudança também se deve à novidade do modelo da bola oficial Adidas Telstar, com seus gomos pretos de cinco lados. 
O Brasil vence a Itália por 4 a 1 na final e é o primeiro a conquistar o tri.


1974 - Alemanha
O pôster de 1974 traz a ilustração de um jogador com a bola nos pés, através de fortes pinceladas coloridas. Uma pintura clássica, que mostra a força e a energia do futebol realçada pelo fundo preto.
A Alemanha vence a Holanda de virada (2 a 1) e se torna bicampeã do mundo.



1978 - Argentina
O cartaz emprega técnica pop, com uso de retícula ampliada. Dois jogadores celebram o momento do gol. Ao mesmo tempo, parece um jovem com as mãos para o alto sendo preso. Esse duplo sentido pode estar em sintonia com o momento do país, que se encontrava em plena ditadura militar.
A equipe anfitriã garante seu primeiro título mundial.


1982 - Espanha
O pôster de 82 traz uma belíssima pintura de Joan Miró, com o estilo surrealista do artista catalão. Ressalta a liberdade de pensamento e eleva o futebol à condição de estado de arte.
A Itália vence a Alemanha Ocidental por 3 a 1 e conquista o tricampeonato.


1986 - México
A sombra de uma figura olímpica é projetada nas colunas da civilização asteca, importante referência da cultura mexicana. A tipografia segue o estilo de faixas do cartaz de 70.
A Argentina torna-se bicampeã com a "mão de Deus" de Maradona.


1990 - Itália
A imagem em preto e branco do Coliseu, principal cartão postal da Itália, foi o pôster oficial da Copa de 90. Conceitualmente interessante, faz um paralelo da batalha dos gladiadores com a dos atletas do futebol. Graficamente é clássico, mas um pouco sombrio. Legibilidade tipográfica com pouco contraste.
A Alemanha Ocidental chega ao tricampeonato depois de vencer a Argentina na final por 1 a 0.


1994 - Estados Unidos
No cartaz norte-americano é evidente a presença do já conhecido nacionalismo das cores da bandeira.
O Brasil conquista o tetra contra a Itália, depois de um jejum de 24 anos.


1998 - França
Uma ilustração colorida, despojada e festiva traz ao centro um campo de futebol e celebra a volta do torneio à França. A tipografia manual e o experimentalismo gráfico marcam esta peça.
A equipe anfitriã foi campeã do mundo pela primeira vez após vencer o Brasil por 3 a 0.


2002 - Coreia do Sul/Japão
Pela primeira vez, o continente asiático recebeu uma edição do torneio. O campo de futebol é representado por traços tradicionais da caligrafia do leste asiático. Mostra o futebol como arte, improviso e alegria. Feito em parceria pelos designers Sogen Hirano, do Japão e Byun Choo Suk, da Coreia do Sul.
O Brasil conquistou o pentacampaeonato em vitória sobre a Alemanha por 2 a 0.


2006 - Alemanha
Uma bola formada por estrelas representa o Mundial disputado na Alemanha unificada, a consagração do futebol globalizado. 
Nesta edição, a Itália levou a taça após vencer a França na final, nos pênaltis.


2010 - África do Sul
Pela primeira vez na história, o continente africano recebe o evento. Este belo pôster celebra o momento com a fusão da imagem de um homem negro com o mapa da África. O olhar na direção da bola, passa a ideia de um continente forte, que se agiganta paro o futuro. As cores são fortes, com predominância do amarelo. O desenho vetorizado mostra a atual arte digital. A criação é da Switch Design Group.
A Espanha se consagra campeã do mundo ao vencer a Holanda por 1 a 0, na prorrogação.


2014 - Brasil
Com o tema “Todo um país a serviço do futebol - Brasil e futebol, uma identidade 
compartilhada”, o desenho da peça retrata duas pernas disputando uma bola e revelam o mapa do Brasil. A composição reúne símbolos da fauna, flora e da cultura nacional, no estilo do logo da Unilever.  A criação é da agência de design Crama.



Renato Faria é sócio/ designer do estúdio Interage Design e administra o blog De Toda Forma.

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5 comments

  1. Texto como sempre rico em detalhes e boas histórias! Os meus preferidos são o do México (que estava na mesma vibe de design da id. visual das Olimpíadas de 68) e o da Suíça, de 1954, sei lá esse me dá uma impressão cubista não sei pq.

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  2. Meu preferido é o da Espanha... Adoro Miró! Muito legal o artigo.

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    1. Obrigado Celia. Fique sempre por aqui. Um grande abraço da equipe do MundoUH!

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  3. Renato, o artigo ta show... detalhes, histórias. O do Brasil ta bem criativo, mas lendo as informações acabei gostando de todos!

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    1. Por aqui o preferido foi mesmo o México Plinio! Obrigado pelo comentário! Grd abraço.

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